O NOVEMBRO É NEGRO

O NOVEMBRO É NEGRO

Novembro 16, 2022 Comentários fechados em O NOVEMBRO É NEGRO By Soweto*#%!

*Gevanilda Santos

Neste  ano de 2022, o clima do novembro negro é de alegria e resistência. Uma vez mais o bloco antirracista sairá às ruas. Desde a decretação do 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra (1979) – o Movimento Negro em todo o Brasil convida a população a sair às ruas  nesta data em celebração  a luta de Zumbi e Dandara dos Palmares e em protesto aos perrengues da fome, da violência e do desrespeito. 

No Brasil, não é mais novidade que as desigualdades de raça, classe e gênero afligem e castigam as mulheres, as crianças, e a juventude negra das regiões periféricas brasileiras.  Muitos já se foram. Basta de genocídio!… Sabemos que nem todos padecem da mesma forma. Passada a fase mais aguda da pandemia  da Covid-19, a população negra empobrecida, enfrenta o aumento da vulnerabilidade. 

Nem todos têm as mesmas oportunidades e acesso às políticas públicas e sociais, sobretudo,  a população  nordestina, que segundo o IBGE  é negra e parda, e,  devido à desigualdade regional brasileira é a parcela mais vulnerabilizada. E ainda é alvo do racismo e  da xenofobia por sua compreensão do acirramento da  luta de classe e elevado grau da consciência étnica. 

O Nordeste não está sozinho! Junte-se a nós.

Nos últimos 40 anos, o Movimento Negro Brasileiro se fortaleceu e pavimentou fortemente o caminho da resistência nas ruas. 

Nas eleições  de 2022, este segmento disse não às propostas conservadoras e fascistas,  e, sim, ao terceiro governo  LULA. Oxalá… os compromissos de campanhas sejam  honrados. Estaremos nas ruas para garanti-los. A esperança venceu o medo.

Neste novembro negro estamos celebrando com olhos bem abertos e indagando:  como implementar os direitos da população negra inscritos na constituição? Como  radicalizar  a democracia para que ela avance da representatividade da democracia formal para a uma democracia substantiva, distributiva  e real?

 Há mais de 40 anos fala-se da  necessidade da formação de quadro na luta contra o racismo. A tarefa foi cumprida, ampliamos o convencimento,  a reflexão e a consciência, de modo que  cada um  possa despertar o guerreiro “Zumbi” e a guerreira “Dandara” que há dentro de si. O objetivo era  agregar  o outro  a outra, de  acolher dentre  os  que atuam na perspectiva da mudança do  cenário racista, machista homofóbico e das intolerâncias.  Sempre cabe mais uma e/ou um na barca de Zumbi e Dandara. A formação de quadro é tarefa permanente e dinâmica. À frente da etapa da formação de quadros há a etapa da massificação  da luta  nas ruas.

Convidamos todas e todos das ruas,  becos,  vielas, quebradas, grotões, e,  também os que habitam o território da cultura, da educação, as redes de saúde, os movimentos sociais, representantes antirracistas  da classe trabalhadora  e  todas as etnias  a construirmos a tão almejada  unidade na diversidade. 

Aí sim. chegaremos no tempo efetivo das mudanças, onde  a negra e o negro no  poder  trarão mudanças a toda  coletividade. 

Bem-vinda a etapa das mudanças. São complexas, porém não inatingíveis!

Já dissemos que a superação do racismo, do machismo e da pobreza não é tarefa apenas de negros e negras. É uma tarefa dos cidadãos,  cidadãs e do Estado  Democrático Brasileiro.   É tarefa dos movimentos sociais, de todos e todas conscientes  e dispostos a combater as mazelas  sociais, lado a lado das  instituições construtoras de uma sociedade democrática. 

Já dizia Hamilton Cardoso, jornalista e ativista antirracista paulista: “haverá de chegar o dia em que a consciência negra será nacional, pluriétnica e conduzida por negros e negras críticos ao capitalismo. O futuro já chegou?

Se o recado do protesto negro vem das ruas, no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, ouçamos o seu brado retumbante, e, uma vez mais  vamos botar o bloco antirracista nas ruas. 

*Gevanilda Santos 

É graduada em História e mestre em Sociologia Política pela PUC-SP, professora universitária aposentada, pesquisadora das relações sociorraciais e  ativista da Soweto Organização Negra.

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