Não mexa comigo que eu não ando só.

Não mexa comigo que eu não ando só.

Novembro 22, 2024 Comentários fechados em Não mexa comigo que eu não ando só. By Soweto*#%!

Na ressaca do feriado nacional do vinte de novembro a mensagem é não mexa comigo que eu não ando só.

Atente para o tempo em o Movimento Negro Brasileiro reclama a ausência de um feriado nacional em celebração aos heróis e heroínas negras.  Desde a luta de Zumbi e Dandara dos Palmares no século XVII.

Nas ultimas décadas a reparação foi articulada por parlamentares petistas atendendo as inúmeras reivindicações dos movimentos sociais, e, principalmente do Movimento Negro Brasileiro A reivindicação foi sancionada pelo Presidente Lula. A lei   14.759 /dezembro de 2023 foi sancionada e o primeiro feriado nacional fez sucesso em 2024.

As guerreiras e os guerreiros palmarinos participaram  do feriado nacional da consciência negra em celebração as heroínas e aos heróis negros de luta e resistência.

Ai sim. Esse é um movimento da democracia racial.   Os de baixo, coletivamente, disseram ao Presidente qual era o seu interesse na reivindicação do feriado nacional e ele, sabiamente,  atendeu.  Há muitas reivindicações na fila.  Os movimentos sociais  bem sabem.

O significado simbólico da frase do titulo cantada em verso e prosa é não estamos só. Em todo território nacional houve manifestação do tipo presencial, on-line, cultural, politica, social e ate internacional.

Participação da região centro oeste, representada por uma Brasília oficial. A Participação popular adentrou o estado de Alagoas,  território do Memorial Zumbi. Passou com destaque no estado da Bahia, a terra dos terreiros dos quilombos e do candomblé. Chegou ao Rio de Janeiro na  COPI – 20 e, desceu para o interior de São Paulo, onde nasceu o líder antirracista Flavinho. Na capital de São Paulo, em plena avenida paulista, território do capital financeiro e da XXI Marcha da Consciência Negra. Aquela que, anualmente, termina nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, território da fundação do Movimento Negro Unificado – MNU, cujo lugar as entidades ou as organizações negras contemporâneas bradam contra a violência policial, por mais educação e a valorização da raça negra. As manifestações em prol da questão racial chegaram ao Rio Grande do Sul terra do idealizador da data celebrativa a Zumbi e a terra dos lanceiros negros frustrados com as falsas promessas de liberdade aos escravizados combatentes na guerra do Paraguai.

Se somarmos os ativistas presentes nas manifestações com os ativistas das redes sociais e os ausentes antirracista seremos muito mais. Há os ausentes que estavam acorrentados ao regime trabalhista de 6 x 1, as mulheres donas de casa que acolhiam familiares no feriadão, os “LGBTs” antirracistas que evitaram participar para não ”causar” desavença com os homofóbicos e tantos outros grupos sociais que por inúmeras razões não participaram. Os participantes do feriado nacional  em celebração e luta contra o racismo a cada ano  aumenta mais.

Apesar da mídia comercial não cobrir e repercutir, integralmente, os eventos e, consequentemente, não reconhecer plenamente o volume do publico nacional participante, fica a mensagem: não mexa comigo que eu não ando só.

Para os participantes o agradecimento é  geral. A luta contra o racismo  é  nacional, coletiva e carece de todas as pessoas ate que o racismo seja superado. No dia “D” quando houver um chamado saberemos que estarão conosco.

  • Gevanilda Santos: É graduada em História e mestre em Sociologia Política pela PUC-SP, professora universitária aposentada, pesquisadora das relações sócias raciais brasileiras e integra o núcleo de colaboradoras da Soweto.
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