Solidariedade a Ngange Mbaye

Solidariedade a Ngange Mbaye

Maio 5, 2025 Comentários fechados em Solidariedade a Ngange Mbaye By Soweto*#%!

Solidariedade a Ngange Mbaye e a toda comunidade senegalesa

No dia 11 de Abril, a Polícia Militar do Estado de São Paulo assassinou, a sangue frio e em plena luz do dia, o trabalhador ambulante senegalês Ngange Mbaye no centro de São Paulo, quando este tentava proteger a mercadoria de seu companheiro de trabalho de uma apreensão e da violência empreendida pelos policiais no momento da abordagem. As imagens do ocorrido, amplamente divulgadas e compartilhadas nas redes sociais, mostram Ngange cercado por oito policiais militares, todos de cassetete em punho e arma de fogo na cintura, enquanto este empunhava uma barra de ferro em tentativa de afastar os policiais. Nesse momento, um dos militares saca sua arma de fogo e dispara no peito de Ngange, tiro esse que será fatal.

É essa a mesma PM de São Paulo que vem travando uma desocupação brutal contra as famílias da Favela do Moinho, que relatam abusos constantes que vão de invasões em suas residências, vigilância constante de moradores e chega ao uso de violência desproporcional e brutalidade na repressão daqueles que se manifestam contra a desapropriação.

É essa mesma PM de São Paulo que, ainda no mês de Abril, divulga um video de um de seus batalhões queimando uma cruz, espelhando a organização supremacista branca norte-americana Ku Klux Klan, e fazendo saudações romanas, tal qual fazem os nazistas de ontem e de hoje.

Em nota, o Comandante do Batalhão que divulgou o vídeo nega qualquer associação, mesmo que estas sejam nítidas, com os movimentos supremacistas. Mas não é preciso confirmação: as ações da PM, da Prefeitura e do Estado de São Paulo demonstram seu projeto eugenista e de ataque frontal a população negra, imigrante e trabalhadora do seu próprio estado.

Hoje, na África e na diáspora, os africanos e descendentes clamam por uma África unificada, livre e pelo fim do tratamento injusto dado a eles. Os que vem para cá almejam, em sua maioria a busca por melhoria de condições econômicas, porém questões como idioma podem ser obstáculos na luta por emprego formal. Então, como boa parte da população afro-brasileira e dos imigrantes em situação similar, encontram melhor oportunidade no mercado informal e no empreendedorismo popular, como era o caso de Ngange Mbaye. Já não é novidade também para os ambulantes e camelôs os maus tratos dado pela polícia a estes, sejam brasileiros ou não, simplesmente por tentar ganhar a vida. Na condição de trabalhador ambulante, negro e imigrante, Ngange foi vítima direta desse processo violento de manutenção do racismo e da supremacia branca no Estado de São Paulo.

A Soweto Organização Negra se soma as vozes dos companheiros, compatriotas e familiares de Ngange Mbaye que pedem por justiça para ele e todos aqueles que sofrem dos abusos das forças ditas de segurança pública, sejam elas da Prefeitura ou do Estado, exigimos esclarecimentos e punições devidas aos assassinos e cúmplices.

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